Por vezes podemos imaginar que somos eternos mas não imortais. Quero com isto dizer que a existência de qualquer ser humano deixa atrás de si um rasto, algo que perdura para além do fim dessa existência. Por exemplo as ideias que defendemos, as palavras que tenhamos dito, os laços que nos unem às pessoas de quem gostamos ETC... Em que consiste então essa existência? (Imagine-se por momentos que não existem máquinas fotográficas ou câmaras de filmar) Talvez nas memórias dos que se lembram dessa existência. E o que são essas memórias? São construções mentais, abstractas, de realidades passadas. E sendo a memória algo que não tem realização/presença física, o que sobra de uma existência humana será então algo não concreto (no sentido de palpável) e volátil. Quase se poderia dizer que quando essas memórias desaparecem não haverá qualquer prova de que aquela criatura existiu e portanto é como se nunca tivesse existido. Como afirmava Descartes "penso logo existo". Ou melhor dizendo, existo porque penso (no sentido de ter consciência da minha existência). Então, até que ponto não fará igualmente sentido dizer: existo porque tanto quem me rodeia como eu sabemos disso. (O que pensaria Descartes dessa ideia?) E os outros à minha volta? Até que ponto a consciência que eles têm da minha existência corresponde ao que eu sou verdadeiramente (visto ser uma construção mental, uma percepção de mim)? O que nos leva a pensar sobre até que ponto é possível conhecer verdadeiramente uma pessoa (no sentido de termos acesso à sua "verdadeira existência"). Pois o ser humano é quase instintivamente perceptivo visto que o seu cérebro, de um modo quase automático, interpreta o que apreende.just_me
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