29/05/06

Os Urbanos

"Subo a escada
Comboio apita
Alguém entra
Alguém sai
Gente chega
Gente vai
Gente que anda
Gente que corre
- "Vai partir!"
- "Despacha-te lá!"
- "Estou a ir!!"
- "Vou já!"
Conversas voam
Tempo urge
Alguém tropeça
Entro.

Alguém empurra
Comboio arranca
- "Não há lugar!"
- "Estou atrasado!"
Alguém dorme
Alguém sonha
Alguém acorda
- "Já chegámos?"
Ninguém fala
Alguém briga
Alguém grita
(comboio avança)
Tempo voa
Alguém se baixa
Alguém se senta
Alguém se levanta
Sento-me.

Comboio pára
Tempo avança
Alguém sorri
Alguém come
- "Despacha-te!"
Todos à porta
- "É aqui?"
- "Não empurre!"
Gente a descer
Gente a subir
Gente a entrar
Gente a sair
- "Com licença!!"
Saio.
(Cheguei!)"
Joana_Pombo

© Reservado a direitos de autor

Memórias de infância... Quem não as tem?



"O sol nasceu,
Como está lindo o céu!
Cá vou eu,
Vem tu daí também!
Aprender como se vai
Até à Rua Sésamo.
Vem brincar,
Traz um amigo teu
E ao chegar,
Tu vais poder também ensinar
como se vai até à Rua Sésamo."


http://www.sesameworkshop.org/sesamestreet/ just_me

Um Clássico

Sonho...?! Realidade...?! mmm... não sei...

"De um sonho sonhado despertei
Na terra da fantasia.
Onde por acidente poisei
Numa nuvem macia.
Que lugar seria aquele?
Tão calmo e pitoresco...
Onde o mar é cor de mel
e o céu em tom rosado;
pintado a pincel
ainda cheira a fresco.
Terra de todos os sonhos
Onde mora a ilusão.
Onde os dias são risonhos,
Forrados a algodão."
Joana_Pombo

© Reservado a direitos de autor

O Desprezo

Durante uma discussão amigável...

M : -"Agora... :/ vou-te ignorar!"
J : -"Deixa estar! :( Eu não ligo...!"just_me

Eugénio De Andrade: “Adeus”

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus. just_me

... ih ih ih ih

I.A.

No outro dia vi num canal a cabo uma pesquisa científica no sentido de desenvolver um computador molecular. E perguntar-se-á o comum dos mortais (refiro-me à minha pessoa) como será isso possível. Ora seria uma coisa deste género (e perdoem-me os entendidos no assunto pela falta de rigor científico da minha leiga explicação):
- A informação seria transmitida por estimulação electroquímica, no processador;
- As moléculas de "virtual nucleic acid" (VMA) mudariam de posição (em termos de organização espacial, conforme ocorresse, ou não, um tipo específico de estimulação;
- Quando não ocorria estimulação seria codificado um "0 (zero)" (em termos de sistema binário);
- Quando as ditas moléculas eram estimuladas estariam em tal posição, que iriam constituir uma matriz tridimensional de canais atómicos (cada molécula seria um ponto de junção de três canais atómicos) permitindo a passagem da corrente eléctrica;
- Seria codificado um "1" (em termos de código binário).
Link:http://hagi.is.s.u-tokyo.ac.jp/MCP/ para os interessados na teoria.
Deste modo a capacidade de armazenamento e velocidade de processamento dos computadores aumentaria consideravelmente.
Ainda que se nos apresente quase como uma teoria saída de um filme de ficção científica não estará, no meu entender, assim tão longe da realidade. Ora fazendo uma analogia, se pensarmos no cérebro humano, este funciona (talvez) de forma mais ou menos semelhante. As transmissões electroquímicas entre os neurónios ocorrem, ou não, por meio da abertura, ou não, de canais iónicos situados na membrana que envolve os ditos neurónios. Sendo estes canais regulados por neurotransmissores que comandam a abertura/fecho dos ditos canais iónicos. Não estarei, de modo algum, a sugerir que somos um conjunto de respostas reflexas a estímulos codificados binariamente. No entanto, será interessante pensar que se poderá estabelecer um certo tipo (ainda que grosseiro) de analogia.
Esta analogia remete igualmente para algumas questões quase saídas de um filme de ficção científica. Será possível produzir criaturas artificialmente inteligentes que superem a espécie humana? E se tal acontecer, quais os perigos para o Homem? Seriam essas criaturas capazes de desenvolver consciência moral, ou mesmo emoções? Pois, por mais intelectualmente avançadas que sejam as máquinas, a sua conduta, quando desprovida destas duas componentes, seria desadequada e desequilibrada. E relativamente à linguagem? Seriam as máquinas capazes de desenvolver um sistema de linguagem? E conseguiria o Homem descodificar esse sistema, caso as ditas máquinas fossem intelectualmente superiores?
just_me

não deixa de ser curioso...

Lisboa, s. f. Prov. alent. Variedade de alface.

(In Grande Dicionário da língua portuguesa, Vol III, Lisboa, 1991)
just_me

26/05/06

Skank: "Resposta"

Confuso, não?!

Sentimento dito nobre que, no entanto, leva a que matem e morram em seu nome. Aquele friozinho na barriga que "aquenta" o corpo e o espírito. A chama aconchegante da lareira que nos conforta naquele dia gelado de Dezembro, enquanto chove lá fora (o chocolate quente bebido nesse momento). Chama essa que arde, arde intensamente queimando quem desafia tocar-lhe e deixando um rasto de devastação após a sua passagem intempestiva e repentina. Sentimento esse dito complexo, estranho, elaborado, próprio da mente humana, que, de complexo tem simplesmente o bater sincronizado de dois corações. Objecto de pesquisas científicas, elações, deduções, que tentam desvendar por meios lógicos e racionais o mais primário e básico dos sentimentos. Confuso não?! Ou não será somente mais uma das mil e uma coisas que o ser humano complica?! (Alegando que explica) Pois a sua cabeça, essa sim, é muito complicada, difícil de mais para ser compreendida por um coração que não pensa. sente. just_me